Nenhum livro é lido por acaso. Sempre tem vários significados por trás da leitura, como o que se passava com o leitor enquanto lia, o que estava sentindo durante a leitura etc. E no caso de A Menina que Roubava Livros, foram vários motivos (que às vezes eu mesmo desconheço) que me levaram a gostar tanto desse livro. Na verdade, eu já conhecia o título há um bom tempo, bem antes mesmo de gostar da leitura, e já tinha interesse em lê-lo. Eu imaginava que seria algo que falasse sobre Deus, ou algo do gênero, mas só depois eu fui descobrir que a história se passava durante a Segunda Guerra Mundial e não tinha muita coisa a ver com isso.
Autor: Markus Zusak | Editora: Intrínseca | Páginas: 478
A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, porém surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente: a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los em troca de dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. Essa obra, que ela ainda não sabe ler, é seu único vínculo com a família.
Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a cumplicidade do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que a ensina a ler. Em tempos de livros incendiados, o gosto de roubá-los deu à menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito. A vida na rua Himmel é a pseudorrealidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um jovem judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela história. A Morte, perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa desse duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso absoluto, e raro, de crítica e público.
Markus Zusak não poderia ter feito melhor. Alguns reclamam, mas para mim, ter a morte como narradora do livro foi a melhor coisa que podia ser feita. É interessante porque apesar da morte ser a morte, ela é quase uma personagem, e às vezes eu considerei ela até a protagonista. Durante a leitura, ela se torna um tipo de amiga para o leitor (pelo menos foi o que eu senti), com seu jeitinho doce e amável, e um pouco irônica algumas vezes, porém bem simpática.
Liesel Meminger, sem dúvidas é uma menina extraordinária, que, seguindo os passos do pai adotivo, faz de tudo para ajudar as pessoas que ama, e de uma maneira especial, nos faz amar junto com ela. Liesel pode nos deixar comovidos em alguns momentos durante a história, mas mais ainda orgulhosos pela sua amabilidade e sua coragem diante do conflito da época. Outra coisa importante são os diversos livros roubados por Liesel, dos quais ela tira várias lições para a vida.
Hans Hubermann é o personagem mais amado de todos. Não digo só pelos personagens,
Os conflitos que acontecem no decorrer da história mostram o amor de Liesel pelas palavras e a aversão com tudo o que estava acontecendo contra as pessoas mais vulneráveis. E o emocionante desfecho que apesar de ser triste, nos faz refletir sobre as pessoas que temos mais próximas e o quanto as amamos, e que muitas vezes não somos tão corajosos quanto Liesel. Leitura obrigatória!